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Sutilezas: narrativas frete ao projeto reprodutivo

Sutilezas: narrativas frete ao projeto reprodutivo

R$90,00 Preço normal
R$80,00Preço promocional

Autor: Patricia Marinho Gramacho (org.)

Dimensões (cm) (LxAxLombada): 16x23x0,5

Número de páginas: 80

Ano de publicação: 2024

Edição: 1.ª

ISBN: 978-65-5809-064-9

Peso (gramas): 200 g.

 

Sinopse

 

Esta obra reúne diversos olhares, da teoria à prática psicanalítica, o relato doloroso de homens e mulheres que saíram em busca de um positivo, quando o que lhes cabia, no momento de partida, era um não ou um negativo; memórias ou vivências; páginas de um cotidiano composto de sofrimento e superação e/ou suspensão. Para enriquecê-la contamos com o entrelaçamento da linguagem poética que tem por foco mais do que uma tentativa de relatar histórias, mas a meu ver, o propósito de despertar sentimentos.
E assim, não obstante considerar as palavras escritas, a leitura das narrativas frente ao projeto reprodutivo, me fez revisitar minha própria história. Ao contá-la apresento uma sequência de fatos entrelaçados com o ambiente dos diferentes relatos que compõe este livro. Devo confessar que a reprodução humana é uma área que há muito me atrai, tendo o tema ocupado diferentes posições em minha (nossas) vida(s), em virtude das dificuldades que se mostraram presentes enquanto paciente(s), ou tentante(s)!
Tentante! Termo utilizado com maior frequência na contemporaneidade das falas reprodutivas e definido por Paulo, um dos narradores deste livro, que após algumas tentativas de Fertilização invitro (FIV), se tornou pai de Caetano: “tentante é aquele que tenta e não está conseguindo, aquele que enfileira tentativas e fracassos”.
Enfim, eu mesma, enquanto tentante, ao buscar conforto em uma sessão de análise, após o fracasso naquela tentativa de FIV, ouvi minha analista dizer: “- Você não engravidou porque não quis”. As palavras usadas têm um papel importante, uma vez que elas dão sentido ao que estamos sentindo.  Sim, ela é uma ótima analista, porém demonstrou que as dificuldades para encontrar modelos adequados de atuação nesta área eram e ainda são evidentes e necessários.
E como afirma Patricia, organizadora deste livro, a história humana começa pelo ato de narrar, e ao escreverem sobre o projeto reprodutivo que vivenciaram, suas analisandas estariam ajudando outros pacientes, mas também elas mesmas, mulheres potentes. 
Hoje sabemos que a cada negativo, a cada expectativa frustrada, um luto se instala e “as pessoas nunca saberão da real dimensão desta dor em sua vida”, palavras de, Cecília também mãe de Caetano. 
Eu mesma fui percebendo em minhas vivências nesta área, que este campo reprodutivo possui suas especificidades, e sendo assim, saí em busca de respostas que iriam além da assistência médica à procriação, que levavam em conta a dimensão simbólica do chamado desejo de engravidar.
Hoje compreende-se que existem aspectos neste contexto que necessitam de uma abordagem multidisciplinar, já que sua natureza ultrapassa as particularidades médicas do problema. Infelizmente há quase três décadas, a mentalidade dos profissionais ainda não levava em conta que qualquer paciente ao se encontrar impedida de conceber, poderia “querer explicações sobre os porquês da própria infertilidade”. Ocasionalmente sem respostas, esses questionamentos fizeram sangrar as feridas internas que dilaceravam meu peito.
Hoje, uma possível resposta é encontrada na obra aqui apresentada:
“(...) O corpo passa a ser um sintoma que reclama, que falha, que se cansa e cogita desistir. Mas este limite corporal não precisa ser visto como um mal a ser combatido, mas sim um sofrimento a ser escutado. Que o amor, enquanto ato, fundamentado no desejo e não no conseguir um filho a qualquer custo, se sobreponha (GRAMACHO,2022)”.
Aparece aqui o filho que não nasceu, mas que se fez presente no desejo ou em termos psíquicos. Recorremos à Winnicott (1996), que ressalta a importância de investigar quando os bebês foram concebidos psiquicamente para depois investigar quando eles foram   concebidos biológica ou fisicamente. Ou seja, antes que um bebê exista, é necessário que ele tenha sido desejado ou, no mínimo, criado na fantasia interna de um dos pais. E independente do fracasso da tentativa, este bebê foi sonhado por alguém.
Como tantos outros casais na mesma situação, contei com a falta de empatia de algumas pessoas, e a crença de que a infertilidade fere o sujeito, por atingir a vida através da frustração exclusivamente pela falta do poder gerar. Será?
O caminho percorrido na busca de uma resposta, me levou aos estudos, e, assim, descobri uma complexidade que ainda exigiria muito esforço e reflexão por parte de quem quisesse entender esta realidade. A infertilidade envolve muito mais do que o não poder gerar.
Passei não só a ouvir, mas a levar quem fala a se ouvir, utilizando uma forma de conexão de significados, ou tomando diversos elementos das associações do paciente. Há momentos que exigem uma linguagem falada extremamente cuidadosa, há momentos em que utilizamos a linguagem escrita. Apesar das diferenças entre a linguagem oral e a linguagem escrita, não podemos considerar uma mais complexa ou mais importante que a outra. Escrita ou falada, a palavra deve ser contada. Ao contar, você expande e como nos disse Viviane Mosé, no Café Filosófico que foi ao ar 07/07/2024:
“Se você não expande, você cria nódulos, a maioria das doenças que as pessoas têm são poemas presos, abcessos, tumores, nódulos são pedras calcificadas poemas sem razão, as pessoas adoecem em razão de gostar de palavra presa. Palavra boa é palavra liquida escorrendo, escorrendo em estado de lágrima. Lágrima é dor derretida, dor endurecida é tumor, lágrima é pessoa derretida, pessoa endurecida é tumor, tempo endurecido é tumor tempo derretido é poema...”.
    Desfrutemos, pois, das palavras escritas em Sutilezas – narrativas frente ao projeto reprodutivo, espero que assim como eu, cada um possa revisitar suas histórias (re) produtivas.  
     Ah! E a quem interessar, me aprofundei nos estudos sobre os aspectos emocionais relacionados a reprodução humana assistida, e sim sou mãe!
Rose Marie Massaro Melamed
Psicóloga CRP 06/ 11807

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